Um despretensioso registo desta aventura nos antípodas…

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

DOHA


Já tínhamos saudades das festas que por esse mundo fora se têm feito em nossa “homenagem”. Guardaram-na para a despedida. Em Doha, capital do cada vez mais pujante Qatar.

Tínhamos apenas 12 horas para conhecer a cidade. Pagámos o Visa para entrar no país e metemo-nos à aventura. Um minuto após entrarmos num autocarro, já nos perguntavam se éramos brasileiros. Falávamos a mesma língua, justificaram. Esclareci que do outro lado do Atlântico falam português, língua que é usada em vários continentes.

O jornalista/comediante, nosso interlocutor, sorriu com a aula. “Já tens um destes?”, perguntou-me de seguida, referindo-se ao cachecol do Qatar. Face à minha nega, ofereceu-mo. Com um sorriso ainda maior.

Saímos na central de camionagem (o caos em terra batida) e íamos apanhar novo transporte para o centro da cidade, mas as estradas estavam bloqueadas para a festa. Mesmo com mochilas pesadas, fomos a pé.

Milhares e milhares pelas ruas, orgulhosos com o dia da independência do seu país. Em Portugal, o 10 de Junho é apenas um feriado para muitos irem à praia, aqui vive-se efervescente orgulho nacional.



Nunca vi concentração igual de jipes. O petróleo dá, realmente, para muito. Foi assim que se conquistou o Mundial2022 de futebol, feito ainda bem vivo nos locais.

Ao som de ensurdecedoras businadelas constantes, caminhámos toda a baia, em quilómetros sem fim. Sheiks e sua trupe trajados a rigor, senhoras de burkha aos saltos e as que mostravam o rosto (mas com cabelo tapado) com bandeiras do Qatar estampadas em cada face.

A fome apertava e, enquanto caminhávamos, buscávamos comida. Em vão. Uma festa de arromba e NADA para comer em lado algum. A polícia sugeriu-nos ir até à imponente zona dos arranha-céus, que tinham vários restaurantes, mas, lá chegados, NADA. Ao longe, estas torres têm um efeito fantástico. No terreno, um local sem alma. Dinheiro, luxo, mas ausência total de alma.

O foto de artifício a cobrir toda a extensa baía foi imponente, mas nada que se compare aos nossos. Faltou-lhe “cor”. O fogo do nosso S. João faria corar os senhores do petróleo.



No fim, fomos jantar a um apinhado “souk” e depois, aos empurrões, lá conseguimos lugar num autocarro que nos deixou perto do aeroporto. No meio do transito infernal, não havia sinal de táxis.

Sabíamos que vários aeroportos na Europa estavam fechados devido ao mau tempo. O que nos reservaria Milão?

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