Como sempre, decidimos arriscar. Já não tínhamos muito tempo – na verdade, era apenas uma hora de margem para o voo – mas lá nos metemos no comboio para Sidenham, onde ficava o Clube Português. Não muito longe do aeroporto, ainda assim.
Tínhamos de encontrar o Frazer Park. Lá conseguimos. Ficamos surpresos pela positiva com o dinamismo desta comunidade, que tem instalações invejáveis, que incluem um amplo café, restaurante, salão de baile, sala de jogos de azar, um campo de futebol relvado com bancadas e outros dois mais pequenos, para treinos. Além de amplo parque de estacionamento.
Com o calor a apertar, lá matámos saudades de tremoços com cerveja /panachê. O tempo voou demasiado rápido e pedimos um taxi para nos levar ao aeroporto.
Quando instalados no interior da viatura fretada, o jovem motorista, de origem indiana, disse-nos que a bandeirada era de 50 dólares, mais 10 pelo “serviço especial”, já que, mesmo estando a praça de taxis a menos de um quilómetro do clube, o serviço foi requisitado por telefone. Sui géneris.
Mostrei enorme espanto pelo exagero do valor, disse-lhe que nos pediram apenas mais 10 dólares por uma viagem de distancia 15 vezes superior. Respondeu-me que as coisas eram assim mesmo e sugeriu-me que fosse tirar duvidas com quem fez a chamada. Assim fiz. Mal comentei o valor, gerou-se logo grande azáfama pelo “roubo”.
“Não podem cobrar mais de 20-25 dólares”, garantiram-nos.
Acompanhado de animados reforços, nem precisamos de falar com o taxista. Entretanto, este já tinha mudado de opinião e o serviço agora era conforme o taxímetro, mas não abdicava dos tais 10 dólares que tinha dificuldade em justificar.
Um dos nossos “cavaleiros” era um algarvio de 73 anos, que foi taxista durante muitos anos. Em dois tempos desarmou o seu sucessor no “business” e, depois de simpaticamente o ter mandado a um determinado lugar, prontificou-se para nos levar. Em 10 minutos estávamos no aeroporto internacional.
“Esta conversinha na viagem já foi paga suficiente. Tenham excelente voo e apareçam com mais tempo”, disse, sorrindo e recusando-se a qualquer pagamento pela gasolina. Acreditámos que o prazer em ajudar-nos conseguiu ser ainda maior do que o nosso alívio, pois já estávamos atrasados.
É por esta e por outras que tanto respeitamos a nossa comunidade emigrante em qualquer canto do planeta.
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