Nos hosteis que temos frequentado, temos, com visível satisfação dos nossos estômagos, sido estrelas na cozinha. É impossível aos outros viajantes ficar indiferentes ao aspecto, qualidade e aroma da nossa comida. Pelo menos queremos acreditar que é isso que muitos olhares dizem.
Pois bem, em Glaciar Franz Josef (esta terrinha já tem meia dúzia de ruas) entrámos noutro campeonato. A ampla cozinha de duas salas estava à pinha e, ao que vimos, ficámos de olhos em bico. E não foi pelo invulgar número de asiáticos (sul coreanos e japoneses) que labutavam freneticamente na cozinha.
Como que só para nos chatear, toda a gente preparava elabodaríssimos pratos que, diga-se a verdade, em nada ficavam a dever às nossas iguarias. Ficámos com vontade de experimentar alguns, mas limitámo-nos a trocar elogios e a perguntar o segredo.
Parte do nosso orgulho foi recuperado com as três alemãs – mãe, filha e amiga da filha – com quem travámos conhecimento na sauna. Sim, ia esquecendo esta parte da história, mas foi gira. Foi aí que nos apresentámos e combinámos continuar a conversa na cozinha.
Fomos modestos quanto às nossas aptidões, enquanto a jovem cozinheira do outro lado mostrava um ar confiante pelos seus dotes.
Na hora da verdade, preparámos um arroz de marisco com legumes de fazer chorar uma rocha. Tínhamos várias ervas aromáticas e isso permitiu que nos impuséssemos por “KO”.
Macarrão riscado cozido com molho de tomate aquecido por cima não é propriamente um prato que sirva para nos bater. Antes de irmos para a mesa, oferecemos-lhes o primeiro prato, para provarem.
Três minutos depois, já sentadas na nossa mesa, questionavam e ouviam atentamente a explicação de como confeccionar a iguaria que se fartaram de elogiar.
Valha-nos as nódoas na cozinha deste mundo :)