Um despretensioso registo desta aventura nos antípodas…

sábado, 11 de dezembro de 2010

AYERS ROCK


Logo que do lado oposto os passageiros colaram o nariz à janela, percebi que, desta vez, estava do lado errado do avião. As expressões de espanto sucediam-se a ritmo crescente e não era complicado perceber que as prevaricadoras objectivas (proibidas na fase final dos voos) apontavam ao Uluru, a rocha sagrada do povo aborígene.

Restava-me fazer figas e esperar que o piloto desse meia volta. Quando a asa do meu lado começou a levantar e apenas passei a ver céu, sorri. Ia ter a minha oportunidade.

O A320 da Qantas deu a volta e apontou à pista de Ayers Rock. Não foi mais de um minuto, mas os meus olhos deleitaram-se com aquele sólido alaranjado. Do outro lado, o Carlos pôde saborear o momento durante mais tempo. No lugar colado ao meu, Zé Luís não falava.

Sair do avião e sofrer o impacto de um violento soco de calor não foi agradável. Caminhar uns 50 metros até ao minúsculo hangar ainda deve ter produzido meio litro de suor. A cada um.

O transporte para Ayers Rock (minúscula povoação com três ou quatro unidades hoteleiras, um pequeno supermercado, polícia, correios, bomba de gasolina e três/quatro lojas de souvenirs) era gratuíto, mas essa generosidade ficou-se apenas por aí.

50 dólares é o que cobram aos turistas para os levar a ver o nascer ou por do sol. Uma boleia de uns 20 quilómetros paga a peso de ouro. Ou platina.

Ainda assim, nada como ter liberdade de movimentos, por isso alugámos um carro. Isso deu-nos asas para voar até onde desejássemos. Os estipulados 100 quilómetros por dia não daria para nada (pagaríamos caro os km remanescentes), pelo que pusemos o encanto natural em acção e conseguimos que o limite passasse a 250.

Estávamos prontos...

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